PARALELAS: Com vereadores mais ideológicos, o debate incendeia na Câmara

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Como o Paralelo 29 publicou lá atrás, quando os atuais vereadores foram eleitos, a Câmara de Santa Maria ganharia um componente mais ideológico. E, de fato, isso está acontecendo.

Os pronunciamentos, no momento em tribuna virtual, já que a bandeira preta da Covid-19 impede reuniões presenciais, têm demonstrado essa postura dos parlamentares.

Quem puxa essa “linha de frente” do ativismo ideológico são os novatos. Nem todos. Mas parte deles. Direita e esquerda se digladiam, no bom sentido, em debates acalorados.

O confronto ideológico entre visões e concepções de mundo distintas faz parte da democracia.

Nesse sentido, a Câmara de Santa Maria retoma um dos fundamentos do Parlamento, que é o livre debate de ideias, sem escamotear posições.

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TROPA DE CHOQUE BOLSONARISTA

Dois vereadores se destacam na defesa do presidente Jair Bolsonaro, e eles são estreantes na Casa: Tony Oliveira, eleito pelo PSL, sigla pela qual o capitão se elegeu presidente; e Roberta Leitão, do Progressistas (PP), um dos partidos pelos quais Bolsonaro passou.

Roberta Leitão: uma das vozes bolsonaristas na Câmara/Foto: Alysson Marafiga, AICVSM

São esses que mais se expõem na sustentação das ideias, práticas e ações de Bolsonaro em nível municipal, reproduzindo seu discurso.

O veterano Manoel Badke  (Maneco), do Democratas, outro bolsonarista convicto, fecha esse bloco mais ideológico.

Mas há, ainda, Tubias Cali (MDB), que já havia sido vereador. O autor do projeto de lei do Kit Covid, talvez, seja mais antipetista do que bolsonarista.

Pablo Pacheco, uma espécie de apêndice do partido Novo no Progressistas, fecha o grupo da direita mais ativista no Legislativo.

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REAÇÃO PETISTA LULISTA

Com uma bancada de três vereadores, o PT é quem tem feito o contraponto ao bolsonarismo em nível municipal.

Ricardo Blattes: defesa do lulismo na Câmara de Santa Maria/Foto: Alysson Marafiga, AICVSM

À frente do grupo está Ricardo Blattes, que tem batido forte no bolsonarismo, ao lado da colega Marina Callegaro. Os dois são estreantes e, talvez, não tenham tanta coisa em comum, como muitos pensam.

O que os une é a oposição ao bolsonarismo e a bandeira nacional do PT, o “Lula Livre”. E possivelmente as semelhanças fiquem por aí. São de correntes petistas diferentes e têm lá suas divergências políticas internas.

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PETISTA VETERANO ESTÁ AFASTADO

Outro petista, Valdir Oliveira, vereador de segundo mandato, está de licença por ter contraído Covid-19 (o parlamentar está hospitalizado há cerca de duas semanas).

Irmão do deputado estadual Valdeci Oliveira, Valdir tem um discurso petista afiado. Como está afastado, ainda não foi possível vê-lo em ação agora que as sessões começaram de fato.

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BLOCOS DA DIREITA E DA ESQUERDA VÃO ALÉM

Mas o bloco da direita na Câmara de Santa Maria não fica restrito à linha de frente bolsonarista, aquela que tem dado “a cara à tapa”.

Há, no grupo, mais vereadores, alguns talvez bolsonaristas convictos, porém, mais pragmáticos.

Anita Costa Beber: questões locais predominam nas posições da vereadora/Foto: Alysson Marafiga, AICVSM

São eles: Alexandre Vargas (Republicanos), Coronel Vargas (Progressistas), Anita Costa Beber (Progressistas) e Juliano Soares, Juba (PSDB).

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E TEM CENTRO DIREITA E ESQUERDA NÃO LULISTA

Com posições mais centro-direita é possível identificar Delegado Getúlio (Republicanos) e Admar Pozzobom (PSDB).

Werner Rempel é da esquerda não petista no Parlamento /Foto: Alysson Marafiga, AICVSM

Na esquerda, há, ainda, Werner Rempel, outro veterano que retorna à Câmara de Santa Maria. Rempel até foi do PT, quando vice-prefeito de Santa Maria lá na primeira metade dos anos 2000, mas antes fora do PMDB.

Mais tarde, foi do PPL, um projeto que não deu certo e que foi incorporado pelo PCdoB, sigla pela qual retornou à Câmara. O vereador, no entanto, está longe de ser “pecedobista raiz”.

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JÁ O CENTRO…AH!, O CENTRO…

Há um conjunto de vereadores em Santa Maria que, pelo menos em termos de discurso, não irá à tribuna defender posições nacionais, exceto em questões pontuais.

Nesse grupo, está Luci Duartes (PDT), a Tia da Moto. Ela prefere o discurso da “união independentemente de ideologias”.

Ainda nesse campo mais pragmático, mais localista, pode-se acrescentar

Adelar Vargas, Bolinha, (MDB), Rudys (MDB), Danclar Rossato (PSB) e Givago Ribeiro (PSDB). A não ser em votações na Casa, será difícil vê-los em algum alinhamento mais ideológico.

No caso de Givago, o alinhamento será mesmo com a defesa dos projetos do governo municipal, do qual é aliado e cujo irmão, Gilvan, é secretário de Esporte e Lazer.

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“NA VERDADE, NÃO SOU POLÍTICO. SOU PROFESSOR E RADIALISTA”

A coluna bateu um papo com Paulo Ricardo Pedroso (PSB), na tarde deste domingo (07).  

Paulo Ricardo Pedroso diz que não é esquerda, nem direita nem centro: “Faço o que o povo pede”, diz primeiro vereador negro eleito em SM/Foto: Alysson Marafiga, AICVSM

Mesmo sendo de uma sigla de centro-esquerda, ele afirma que não se alinha nem à esquerda, nem à direita e nem ao centro, como ele diz.

“Na verdade, não sou político. Sou professor e radialista. Eu faço o que o povo pede”, diz o primeiro vereador negro eleito na história de Santa Maria, que fala em fazer “uma nova política” voltada para questões municipais.

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O QUE É TROPA DE CHOQUE

O termo tropa de choque ressurgiu no dicionário político nacional na época em que Fernando Collor estava às vias do impeachment, lá no início da década de 90 do século passado.

Um grupo de parlamentares aliados do então presidente, tendo à frente Roberto Jefferson, líder do PTB, montou um aparato em defesa de Collor no Congresso Nacional.

E assim, sucessivamente, outros presidentes também tinham seus defensores ferrenhos. De Itamar Franco (PMDB) à petista Dilma Rousseff, passando por FHC (PSDB) e o petista Lula.

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BANCADA DO GIZ

Quem deu o nome foi Paulo Ricardo Pedroso. A Câmara de Vereadores de Santa Maria tem a bancada do giz, que reúne professores.

Tia da Moto é professora e integra a bancada do giz: Em 2020, ele gerou polêmica com o projeto de lei da Diversidade na Escola, que enfrentou resistência de uma agora vereadora que também integra o grupo de professores da Casa/Foto: Alysson Marafiga, AICVSM

Além de Paulo Ricardo, a bancada do giz é formada por Tia da Moto, Danclar Rossato, Givago Ribeiro, Maneco e Roberta Leitão.

Fica a expectativa de como a bancada do giz vai atuar. Atente-se que ela está muito, mas muito longe mesmo de ser homogênea. Pelo menos em relação a algumas questões.

BOMBARDEIO A PROJETO LGBT

No ano passado, por exemplo, a então candidata a vereadora Roberta Leitão foi uma das mais ferrenhas vozes críticas ao projeto Diversidade na Escola, de autoria de Tia da Moto.

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As duas, inclusive, chegaram a trocar farpas em redes sociais. O projeto pretendia que a prefeitura adotasse ações nas escolas para evitar bullying contra o público LGBT.

Acabou não vingando, principalmente por pressões externa. E se for reapresentado, a tendência é parar na gaveta de novo.

OS ESFORÇOS TÊM DE SER PARA A COMPRA DE VACINAS


Nessa semana, o debate sobre o tratamento precoce contra a Covid-19 voltou à tona com força em Santa Maria por dois fatos.

A apresentação de um projeto pelo vereador Tubias Calil (MDB) no Legislativo prevendo a disponibilização de kits de medicamentos, entre eles, a cloroquina, a ivermectina, zinco e vitamina D, pelo Sistema Único de Saúde do município.

E por um manifesto assinado por 267 médicos, muitos deles reconhecidos na cidade, defendendo também o tratamento precoce para a Covid.

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A POLÊMICA DO CHAMADO TRATAMENTO PRECOCE

Só que o uso do tratamento precoce não é recomendado, embora o médico tenha autonomia para receitar a seus pacientes.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) já divulgou estudos científicos apontando que não há comprovação científica da eficácia do kit de tratamento preventivo da Covid-19.

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A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), inclusive, não recomenda tratamento com qualquer medicamento.

Os esforços todos devem ser pela compra de imunizantes. Esse tem de ser foco das ações.

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MOMENTO É DE COBRAR AUTORIDADES


Faria mais sentido médicos e vereadores divulgaram manifestos e apresentarem projetos pressionando autoridades federais, principalmente, estaduais e municipais a comprarem mais vacinas.

Há um Ministério da Saúde incompetente, inoperante, perdido e sem planejamento. Não há mais o que esperar, enquanto se empilham mortos!

(Colaborou Jaqueline Silveira)

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