A Ugeirm/Sindicato, entidade que representa os policiais civis do Rio Grande do Sul, quer que o governo do Estado determine a apuração de uma abordagem policial civil, ocorrida na terça-feira (11), em Porto Alegre, em que um escrivão foi derrubado após ter sido algemado.
Vídeos mostram um grupo de brigadianos abordando o policial, que, depois de se identificar como agente da Polícia Civil, é algemado e leva uma rasteira, que o derruba, além de choques com uma pistola taser. Um dos vídeos mostra uma discussão em voz alta entre brigadianos e o policial civil.
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Conforme a Ugeirm/Sindicato, o escrivão de Polícia Civil Cauê Reis Panatieri estava trabalhando em uma investigação, na Rua Fernando Machado, em Porto Alegre. O escrivão é lotado na Delegacia de Desaparecidos da capital e tinha acabado de abordar um criminoso, que acabou fugindo quando a Brigada Militar chegou ao local.
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“Claro abuso de autoridade”, diz presidente da Ugeirm
“O colega abordou um elemento que tem uma série de antecedentes por tráfico e outros crimes, inclusive umas 10 ocorrências feitas pela Brigada Militar. Uma viatura da Brigada Militar ia cruzando pelo local e parou. Na confusão, o criminoso conseguiu fugir, e o nosso colega é que passou a ser tratado como um criminoso”, contou ao Paralelo 29 o presidente da Ugeirm/Sindicato, Isaac Ortiz.
“Estamos pedindo providências ao governo do Estado porque há um claro abuso de autoridade”, diz Ortiz, ressaltando que Cauê já estava algemado quando leva uma rasteira de um dos brigadianos e cai no chão.
Ortiz também gravou um vídeo em que critica a ação da Brigada Militar. O vídeo foi postado nas redes sociais da Ugeirm/Sindicato. A entidade também divulgou uma nota.
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Associação de delegados pede afastamento de PMs
A Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep) divulgou nota de repúdio à ação dos brigadianos. A entidade destaca que, “ao ser abordado, manifestou-se de forma cortês, tranquila e calma, informando aos policiais militares que era policial civil, estava armado e que sua documentação estava em seu veículo, a poucos metros de distância”.
Na nota, a Asdep pede uma investigação e o afastamento imediato dos brigadianos envolvidos na ocorrência, considerada “desastrosa” e “criminosa” pela associação de delegados.
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Sindicato da BM rebate nota da Ugeirm
Já a Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (ASSTBM) divulgou nota discordando da posição do presidente da Ugeirm por entender que ela tensiona ainda mais a situação.
“Vir a público fazer uma manifestação no calor dos fatos, contribui mais para acirramento e potencialização do fato do que da elucidação do mesmo. Esta postura causa prejuízo as duas instituições, com acaloramento das discussões que podem levar a outros fatos semelhantes e até com desfecho indesejável por todos”, diz a nota.
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“Questão técnica da abordagem tem que ser avaliada”
A ASSTBM, que representa os policiais militares gaúchos, diz que não entra na “questão técnica” da abordagem, que, segundo a entidade, deve ser analisada levando em conta “o comportamento de todos os lados”.
Por fim, a ASSTBM justifica a ação da Brigada Militar ressaltando um episódio em que um falso policial matou três policiais militares em São Paulo. A nota é acompanhada de um vídeo desse fato, divulgado por emissora de TV.vO governo do Estado ainda não havia se manifestado sobre a abordagem dos brigadianos no Rio Grande do Sul.
NOTA DA ASSOCIAÇÃO DOS BRIGADIANOS
“A ASSTBM, como entidade que representa os Policiais Militares do Rio Grande do Sul, e que também lhe cabe, junto com o comando da instituição, a defesa destes profissionais, vem a público se manifestar sobre o fato ocorrido.
Inicialmente a entidade não entra no aspecto técnico, assunto que deve ser esclarecido pelos policiais que estão na linha de frente e atuando no dia a dia do combate à criminalidade.
Porém somos obrigados a discordar em partes da manifestação do presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, o qual temos todo o respeito e que também é um parceiro de longa data nas lutas pelas demandas da segurança pública.
Porém quanto ao fato em tela, antes de qualquer manifestação é necessária a apuração de todas as circunstâncias, ser analisado pela área técnica todos os comportamentos de ambos os lados para uma tomada de correta de posicionamento.
Vir a público fazer uma manifestação no calor dos fatos, contribui mais para acirramento e potencialização do fato do que da elucidação do mesmo. Esta postura causa prejuízo as duas instituições, com acaloramento das discussões que podem levar a outros fatos semelhantes e até com desfecho indesejável por todos.
Lembramos que fato recente amplamente divulgado na mídia, o qual reproduzimos ao final da nota, três Policiais Militares de SP foram mortos numa abordagem a um falso Policial Civil. Não há como saber quem é quem no momento de uma abordagem. Cabe ressaltar que todo o cidadão brasileiro, policial ou não, tem o dever de obedecer a uma ordem policial, até ser identificado.
Por fim reafirmamos nosso respeito a Polícia Civil, e desejamos que esse fato isolado e pontual não interfira no grande trabalho dessas duas instituições, pois o inimigo externo é grande demais e se houver enfraquecimento interno a batalha será perdida.“

